“Quem não vira a chave, nunca será um bom gestor”
O sonho de ser promovido a gestor rodeia a mente de uma grande maioria de profissionais que ocupam cargos técnicos ou de operação. Assumir uma posição de gerência ou coordenação e passar a ter uma equipe é um degrau almejado por muitos e visto como o primeiro passo para se ter uma carreira de sucesso. Mas este sonho pode se transformar em um pesadelo. E de fato, para muitos, os primeiros meses como gestor transforma-se em uma panela de pressão prestes a explodir.
Conheço inúmeros casos de pessoas que, ao serem promovidas a um cargo de gestão, cometem alguns erros básicos e que, na maioria dos casos, comprometem o seu sucesso nesta nova etapa da carreira. Isso acontece, fundamentalmente, quando esta pessoa assume uma posição de gestão mas não abandona a postura de operação. Em outras palavras, quando não consegue fazer a transição entre ser um técnico e um gestor de pessoas. Este erro se materializa de algumas formas. A primeira delas é quando o novo gestor não consegue se afastar da operação e continua com o foco na operação, nos detalhes e no processo. Esta postura é compreensível, até porque ali está a sua área de conforto e conhecimento. Mas, ao não se afastar da operação, o novo gestor se torna naturalmente um centralizador. Não delega, muitas vezes porque não confia que o trabalho será bem feito, e gasta muito tempo nesta função, que não é mais a sua. A segunda manifestação se dá, em decorrência desta, quando não investe a maior parte do seu tempo e energia no desenvolvimento da equipe. E aí começa a ser enxergado como um líder fraco e ausente, porque não desenvolve a sua equipe, não pensa estrategicamente e não olha para o futuro.
Esta ficha às vezes demora muito para cair. Já ouvi muitos relatos de profissionais que me disseram que, ao serem promovidos, descobriram que não estavam preparados para o novo desafio. Não sabiam exatamente quais eram as principais funções de um gestor e caíram ali quase de paraquedas. Se este fantasma lhe rodeia, fique tranquilo. A solução existe e não é tão complexa assim. Mas ela passa por uma decisão que tem que vir do fundo do coração e com muita convicção. Você quer mesmo deixar de ser um técnico e passar a ser um gestor? Está disposto a virar a chave e passar a ser mais um maestro do que um membro da orquestra? Se sim, siga algumas (ou todas) as dicas abaixo.
Em primeiro lugar, mude a sua agenda. Desde o primeiro dia como gestor, passe a dedicar mais tempo às pessoas do que aos processos. Pegue a sua nova equipe, preferencialmente pessoa por pessoa, e dedique um tempo para conhecer melhor cada um. Procure conhecer seus liderados tanto na dimensão pessoal como na profissional. Competências, formação, histórico na empresa, sonhos, dúvidas, nível de comprometimento etc. Monte um mapa geral de como é o seu time e procure identificar os melhores talentos, as necessidades de treinamento, de recursos e de apoio. Lembre-se, como gestor, você deve atingir seus resultados “através” das pessoas. Portanto você deve se concentrar em montar e desenvolver o melhor time possível. Se tiver que promover trocas na equipe, faça sem piscar. Mas antes, tenha certeza do que tem na mão. E não tem outra forma de descobrir isso senão conhecendo cada um.
Depois que esta fase inicial passar, resista a qualquer tentação de voltar a controlar demais a operação. Se sentir saudade das suas funções como técnico, tome um banho gelado até passar. Não volte a ser técnico. Concentre-se na sua equipe, no desenvolvimento contínuo, na atração e retenção de novos talentos e na cobrança de resultados. Desenvolva uma boa comunicação e mantenha-se focado no norte que a equipe deve seguir.
Se quiser se aprofundar mais nestes dois temas (gestão de pessoas e liderança), me envie um email e encaminho uma série completa com 21 artigos já publicados aqui sobre estes dois pilares que devem dominar 80% da agenda de um gestor. Até o próximo!
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