Dizem (com estatísticas e tudo mais) que pedimos demissões de nossos líderes mais do que das empresas em que trabalhamos. Penso às vezes que uma oferta de trabalho devesse ter um descritivo mais ou menos assim: “Você trabalhará com um líder centralizador, de elevado conhecimento técnico, com pouca experiência na condução de equipes, e que exigirá de você uma dedicação e automotivação como nunca teve antes, e que, por vezes, cobrará resultados que não ficaram claros, deixará de prover alguns recursos essenciais à sua meta, e raramente lhe dará feedback. Para ter essa oportunidade você ocupará a vaga de Gerente “X”, pelo salário “Y”, com o pacote de benefícios tal e tal…”.
Certamente a procura pela vaga iria diminuir…
E como os “chefes” conseguem provocar tantos pedidos de demissão? Não consigo pensar em tudo o que poderiam fazer, mas quero comentar três iniciativas muito eficazes nesse sentido:
1 – Atribua mesma posição hierárquica e mesmo salário a dois profissionais que tenham responsabilidades de grande diferença de complexidade e/ou dificuldade de realização. Um carregará o piano enquanto o outro carregará o banquinho. Isso acontece normalmente quando um profissional é notadamente superior ao outro na solução de problemas complexos ou realização trabalhos mais árduos. Na prática, o que ocorre é: aquele com maior capacidade recebe como pena um trabalho mais árduo; o de menor capacidade recebe como prêmio trabalhos mais fáceis. E, no fim das contas, salário e cargos são equivalentes. Muito desmotivador.
2 – Deixe de promover o excelente profissional porque não há ninguém que possa substituí-lo. É uma forma interessante de penalizar alguém por ser tão bom. Conhece alguma história assim?
3 – Não dê feedback ao colaborador experiente e de excelente desempenho. Afinal, ele sabe que é bom. Entretanto, quando houver algum desvio de resultados, deixe isso claro a ele o quanto antes. O resultado será mais ou menos o seguinte: “Quer dizer que dou o melhor de mim todos os dias alcanço excelentes resultados e não ouço sequer um parabéns? Entretanto, no momento do primeiro resultado desfavorável meu chefe está logo na minha frente para chamar a minha atenção…”.
Certamente a lista pode continuar… Mas acredito que a combinação dessas três formas de interagir com a equipe já possa trazer prejuízo suficiente.
Abraço, e sucesso!
Adriano Pedro Bom
Adriano Pedro Bom é consultor, docente universitário e palestrante nas áreas de Gestão de Pessoas.
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