“Eu ainda fico com as carreiras clássicas”
Muito se fala hoje sobre este tema. Quais são as carreiras do futuro? O que dará dinheiro e oportunidades no futuro para quem estudar o assunto hoje? Existem carreiras em ascensão e carreiras em decadência? Estas são perguntas recorrentes e que estão na pauta do dia para quem está pensando a sua vida profissional no futuro. Digo isso tanto para quem está às vésperas de decidir o curso superior que irá fazer ou até mesmo quem já está no mercado e quer continuar estudando.
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Tenho acompanhado de perto esta discussão e o surgimento de vários novos cursos de graduação e pós graduação no mercado educacional. Sem sombra de dúvidas as mudanças tecnológicas, sociais, políticas, demográficas e climáticas têm exigido novas demandas e, por consequência, novas atividades profissionais surgem deste cenário. Profissionais para trabalharem na gestão de marketing digital, gerenciando marcas e conteúdos na web, já são uma realidade. As áreas ambiental e climática também mostram claramente uma demanda de profissionais para trabalharem em processos e sistemas de gestão dos recursos cada vez mais escasso no planeta, como a água. Os cursos de graduação e pós graduação na área de petróleo surgem como vendedores de capas de chuva quando tempo fica nublado. Estes exemplos mostram claramente que novas carreiras surgem, outras se transformam e outras até deixam de existir. Quem conhece hoje algum professor de datilografia? Talvez nem exista mais.
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Entretanto, vejo às vezes um nível de empolgação exagerado com relação a algumas novidades, principalmente quando se trata de profissões. Acredito sim que novas carreiras surgirão e se consolidarão, mas daí a achar que elas irão dominar o mundo e trazerem oportunidades para todos, é outra questão. Já escrevi aqui neste espaço sobre áreas nas empresas que surgem como modismos, atraem diversas pessoas e são literalmente extintas no primeiro soluço que a empresa tem e precisa reduzir custos. Já vi muita gente abandonar cargos clássicos para trabalhar em áreas novas que empresas decidem criar e que depois de algum tempo simplesmente deixam de existir. Embora a questão de novas carreiras sejam outra, a lógica e a minha tese passam pela mesma reflexão – Até que ponto estas chamadas “novas carreiras” não passam de modismos, com data para começar e acabar? Fica aí o desafio para todos nós, principalmente para quem orienta jovens e filhos em relação à escolha das suas profissões.
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Recentemente foi publicado o censo da educação superior no Brasil. As três carreiras com maior número de alunos no Brasil são: administração, direito e pedagogia. Engenharia segue forte e crescente. O que isso significa? Por que a maioria dos alunos ainda escolhe as carreiras clássicas? Minha resposta: porque são carreiras clássicas. Nunca vão deixar de existir. Além disso, são carreiras que desenvolvem, cada uma no seu eixo, competências que podem ser usadas em outras carreiras. E, o mais importante de tudo, são carreiras que possibilitam inúmeras oportunidades de trabalho. Muita gente se forma, é verdade, mas também é verdade que a imensa maioria das oportunidades reside nelas.
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Fica a reflexão. Até que ponto as chamadas novas profissões chegarão para ficar ou não? Até que ponto o número de pessoas que está embarcando nestas chamadas “novas profissões” não está grande demais e muitos irão se frustrar, seja porque elas irão se saturar bem rapidamente ou porque não irão se consolidar como carreiras robustas e duradouras?
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A minha opinião já está formada. E digo isso claramente a todos que me perguntam e direi à minha filha quando for o momento: – Inicialmente, direcione a sua formação em uma carreira clássica. Depois, se achar que cabe, estude novas áreas em cursos de pós graduação ou extensão. As carreiras clássicas apresentam muito, mas muito mais portas para serem abertas. Até o próximo!
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Prof. Marcelo Veras
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