Certa vez um jovem executivo, amigo meu, contou-me que alguns de seus colaboradores estavam insatisfeitos com seus salários. O discurso corrente era algo como “O que eu ganho se eu tiver um desempenho superior no que eu faço hoje?”. Em termos práticos, acontecia, por exemplo, que o comprador não via razões para se empenhar mais em realizar compras com descontos fantásticos para a empresa, pois, afinal de contas, o que ganharia com isso? Melhor era ter um resultado simplesmente “bom” com um esforço “normal”. E assim acontecia com diversos outros funcionários.
Eu lhe perguntei sobre os salários… Estavam em desacordo com a prática do mercado na região? Não estavam. Havia desequilíbrio interno? Não havia. Então qual o motivo de tal postura?
Descobri que o próprio executivo, de certa forma, concordava com eles. Quando o abordavam a respeito, sempre dizia que iria estudar a situação, que era importante ter profissionalismo, que no futuro as coisas poderiam ser diferentes, etc.
O líder da equipe não sabia enxergar a questão de outra forma. Estava contagiado pelo discurso do seu próprio time. Procurei refletir com ele. Pedi que assumisse o papel de um colaborador e se dirigisse a mim com a questão. O diálogo seguiu mais ou menos assim:
– Executivo: Por que eu deveria realizar meu trabalho da melhor forma possível? Por que ter um desempenho extraordinário? O que ganho com isso?
– Eu: Se não é isso o que você vem fazer todos os dias na empresa, então o que vem fazer aqui?
– Executivo: …
– Eu: …
Ele entendeu o recado. Espero que a equipe tenha entendido também. No mundo corporativo há uma espécie de “Lei da Compensação”. Primeiro nos dedicamos, alcançamos um resultado superior, e só então a recompensa vem. Se não vier, devemos saber nos colocar diante da situação e direcionarmos nossa carreira na empresa em que estamos ou em outros caminhos. Além disso, se estivermos realmente descontentes onde estamos, temos mais uma razão para realizar um trabalho extraordinário. Ganhamos visibilidade, indicações, e nossa imagem será favorável para novas oportunidades. Motivos suficientes?
Grande abraço, e sucesso!
Adriano Pedro Bom
Adriano Pedro Bom é consultor, docente universitário e palestrante nas áreas de Gestão de Pessoas.
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