Uma vez conheci uma jovem profissional que havia vivenciado um grande impasse em sua carreira. Ana era analista de compras em uma multinacional, e após um processo de seleção interna recebeu uma proposta para trabalhar por um ano em outra unidade da organização, na Ásia.
Dominava fluentemente Inglês, Francês e Alemão, e essa seria sua primeira chance de trabalhar no exterior. Consultou seu gerente a respeito, e ele lhe disse que em um ano ele mesmo cuidaria para que ela trabalhasse na unidade matriz da empresa, na Europa, e que, portanto, poderia continuar no Brasil apoiando-o nos desafios que sua área estava enfrentando.
Ana ficou em dúvida em relação ao que fazer… Poderia confiar em seu chefe? Será que ele ficaria desapontado se ela aceitasse a oportunidade da Ásia? O que fazer?
Pensando bem, a resposta pode não ser tão difícil de se encontrar. Lembre-se que, quanto à sua carreira, a decisão é só sua. Ninguém, além de você mesmo, gerencia sua carreira. Posso lhe dizer algo que a experiência tem me mostrado: por mais boa vontade que qualquer líder tenha, ele é incapaz de prever o futuro. Isso também acontece com a pessoa a quem você se reporte.
Qual líder pode assegurar que você terá chances no futuro próximo? Ele mesmo sequer sabe se continuará na empresa… Ele tem autoridade formal para decidir e aprovar sozinho suas mudanças de carreira? Há muitas variáveis não controladas por ele, e isso deve ser levado em consideração.
Não estou dizendo que um líder não tenha a intenção de alavancar sua carreira, mas afirmo que há várias fontes de incerteza… Já vi muitas promessas não cumpridas em função disso. Talvez você tome decisões que não agradem a seu superior imediatamente. Talvez não.
O mais importante é você considerar os riscos envolvidos em cada alternativa, observar seus objetivos profissionais e tomar a decisão.
A propósito, quanto ao caso da Ana, o desfecho foi o seguinte: ela decidiu ficar no Brasil, perdeu a chance da Ásia, seu gerente foi transferido para os Estados Unidos depois de alguns meses, e o novo gerente não tinha menor compromisso com a promessa feita pelo antecessor.
Aí a conclusão é sua.
Abraço, e sucesso!
Adriano Pedro Bom
Adriano Pedro Bom é consultor, docente universitário e palestrante nas áreas de Gestão de Pessoas.
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