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Cursei engenharia na graduação. Quando iniciei minha carreira, aos 22 anos, recém-formado, não tinha menor experiência com liderança de equipes. A princípio comecei a exercer o cargo de trainee, e por duas semanas essa foi a minha ocupação principal: aprender o máximo possível sobre as áreas da empresa pelas quais eu passava. Na terceira semana o gerente industrial me chamou para uma reunião e me disse que tinha duas novidades: a primeira era que o supervisor da qualidade havia saído da empresa; a segunda era que, a partir daquele momento, eu ocuparia a vaga do supervisor.
Fiquei lisonjeado com a promoção tão rápida (ainda que não tenha havido mudança salarial inicialmente). Entretanto, logo começaram os problemas. As questões técnicas não eram complicadas. O que de fato representava um desafio era liderar uma equipe de 15 pessoas distribuídas em três turnos de produção, com idades variando entre 18 e 40. Esse foi o desafio: equipe com motivação oscilante, colaboradores não preparados para suas funções, metas não definidas, autoridades e responsabilidades pouco claras para a equipe, etc.
A minha estratégia foi tentar aprender ao máximo tudo o que eu pudesse a respeito de liderança de equipes. Vale lembrar que naquela época não havia celular, a internet estava ainda engatinhando, e o computador tinha monitor de fósforo verde (o de fósforo branco foi uma evolução!). O que fiz? Li tudo o que pude encontrar a respeito de gestão de equipes; consultei líderes que me pareceram bem sucedidos; frequentei workshops e assisti a vídeos de treinamento sobre liderança. Hoje, mais de 20 anos passados, os recursos são outros. É possível acessar muito conteúdo na web e aprender com maior rapidez. A dificuldade atualmente parece ser: quais informações são relevantes?
A impressão que tenho é que a cada semana um livro sobre liderança é lançado no mercado. A profusão de títulos torna difícil a iniciativa de se manter atualizado. E, até onde tenho pesquisado, muitos autores dizem as mesmas coisas com outras palavras…
E para quem está assumindo agora a liderança de uma equipe, quero dar uma sugestão. Há um livro muito interessante, editado pela primeira vez em 1981, e que ainda hoje pode contribuir muito para quem está nessa fase da carreira: “O Gerente Minuto”, de Kenneth Blanchard e Spencer Johnson. Trata-se de um texto relativamente curto, escrito em forma romanceada, de leitura fácil, leve. Há recomendações práticas para quem tem a incumbência de assumir uma equipe. Um dos conceitos que permeiam o livro e que mais percebo como útil no dia a dia do recém-líder é a ‘Liderança Situacional’.
O conceito de Liderança Situacional resumidamente é: adote estratégias de liderança distintas para distintos graus de senioridade (ou situações) dos seus colaboradores. Dessa forma, um colaborador em nível de desenvolvimento inicial, por exemplo, necessita uma atenção maior por parte do líder. Seu trabalho deve ser estruturado, e ao mesmo tempo o acompanhamento das atividades deve ser frequente.
Observe que, mesmo um colaborador experiente, quando promovido, passa a ser iniciante no próximo nível hierárquico…
Seguindo ainda o conceito da Liderança Situacional, um colaborador altamente capacitado, motivado, confiante (e sênior, portanto) pode ter autonomia na condução do seu trabalho. Ao líder cabe apenas delegar corretamente, acompanhar resultados e reconhecer os méritos.
Obviamente a leitura do livro permitirá encontrar outras boas recomendações, além do detalhamento de todos esses conceitos.
Boa leitura, e sucesso!
Adriano Pedro Bom
Adriano Pedro Bom é consultor, docente universitário e palestrante nas áreas de Gestão de Pessoas.
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