Há uma grande diferença entre ‘esforço’ e ‘dedicação’. Em qual delas você aposta?
Querer discutir o significado das palavras pode parecer coisa de “chato semântico”, que fica o tempo todo procurando criar caso com questões linguísticas. Mas não é isso… ‘Dedicação’ e ‘esforço’ não são apenas palavras de significados diferentes, mas indicam atitudes e competências diferentes.
Na Natureza observamos que todos os movimentos, seja o brotamento de uma planta, seja a erupção de um vulcão, sempre acontecem por meio da utilização ótima da energia (caminho do menor esforço possível). E por que seria diferente no meio corporativo?
Se uma empresa levar o dobro do tempo (e esforço) em relação aos seus concorrentes para produzir um mesmo produto, conseguirá vendê-lo com preço maior por causa disso? Certamente não. Os clientes não estão dispostos a pagar por ineficiências, desperdícios. A menos que não tenham escolha, é claro.
Um profissional que leve mais tempo (ou empregue mais recursos) que seus colegas para concluir um trabalho com o mesmo nível de qualidade que os demais merece destaque por causa disso? Não sei de onde vem a ideia de que é justo recompensar a ineficiência. Um grande esforço não implica em ótimo resultado, e nem em contrapartidas melhores.
É obvio que a corrida desenfreada pela eficiência traz problemas que geram novamente um esforço extra para resolvê-los, e, portanto, essa não é uma atitude muito produtiva. Por outro lado, a ‘dedicação’ é uma ótima fonte de geração de valor.
Um vendedor bastante competente poderá se dedicar a compreender as necessidades de seus clientes e poderá passar um bom tempo procurando entender suas expectativas, sem, contudo, ter que se esforçar para isso. Um vendedor menos competente terá que se dedicar por mais tempo, e se esforçar (já que desconhece como proceder) bem mais.
Assim, quanto mais dominamos aquilo que fazemos, menos esforço empregaremos nessa atividade. E aí toda a dedicação é bem-vinda. Certa vez li uma entrevista que fizeram com o Nelson Freire, um dos mais talentosos pianistas de todos os tempos (e é brasileiro!), em que ele revelou que, embora soubesse de memória mais de quarenta concertos, não costumava passar muito tempo praticando-os. Por outro lado, se dedicava muito a estudar o contexto histórico das peças, e rever mentalmente os trechos mais desafiadores, etc. Entendo que seu extremo domínio da técnica pianística como um todo permitem que ele não tenha que se esforçar tanto nas práticas diárias. Por outro lado, sua vida toda é dedicada à música.
Se você sente que está se esforçando muito e obtendo um resultado nada compensador, dedique-se ao próprio aprimoramento. Os resultados virão.
Abraço, e sucesso!
Adriano Pedro Bom
Adriano Pedro Bom é consultor, docente universitário e palestrante nas áreas de Gestão de Pessoas.
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