“Às vezes faz bem pegar uma folha em branco e escrever uma nova história”
Durante os três últimos meses uma coisa não me saiu da cabeça – Não estaria na hora de parar de escrever semanalmente aqui neste espaço? Creio que em várias dimensões da vida e da carreira, essa pergunta nos visita de tempos em tempos. Quem já não se perguntou se não estaria na hora de trocar de empresa, encerrar uma parceria, colocar fim em um relacionamento conjugal, se aposentar efetivamente, parar de praticar um esporte e por aí vai. Quando saber a hora exata de parar, de dar fim a algo, encerrar um ciclo? Eis uma questão bastante provocativa. Será que só a vida precisa ter um fim garantido?
No meu caso, embora eu sempre tenha razões de sobra para tirar coisas da agenda em função da minha correria profissional, a causa do meu incômodo é uma só e se resume a uma pergunta: Será que continuo escrevendo algo que seja relevante para os meus leitores? Essa pergunta me incomoda muito. Sei que nessas 230 semanas (quase quatro anos e meio), escrevi textos dos mais diversos níveis de qualidade e inspiração para quem os acompanha (vamos combinar que não dá para fazer golaço toda vez, não é?). Olhando para o histórico, creio que o saldo é positivo (pelo menos, a minha mãe acharia), mas, brincadeiras à parte, fica a pergunta: Será que ainda tenho algo acrescentar?
Desde que comecei a estudar o tema, em 2006, comecei a montar um grande quebra-cabeça chamado “sucesso profissional”. Sempre tive como visão o desejo de responder a uma pergunta que os meus alunos sempre me fizeram: – Professor, como faço para chegar lá? Uma das minhas primeiras descobertas foi que esse tal de “lá” não é absoluto e universal. É relativo e pessoal. Essa descoberta me fez elaborar um projeto longo de investigação sobre como as pessoas conseguem atingir seus objetivos, sejam lá quais forem. E assim fui, ano após ano, leitura após leitura, entrevista a após entrevista, montando esse complexo quebra-cabeça e compartilhando minhas descobertas aqui, nas minhas aulas e palestras. Confesso que esses nove anos passaram como um sopro, mais foram muito intensos. Não consigo contar a quantidade de horas de palestras, aulas, conversas informais e tempo de escrita. Impossível. Aprendi muito e acho que inspirei alguns.
Diante dessa questão, resolvi consultar alguns amigos próximos sobre a minha dúvida. Todos, unanimemente, me proibiram de parar. Alguém até pode dizer que, por serem amigos, não poderiam aconselhar outra coisa. Mas resolvi ser obediente e seguir mais um pouco. Porém, coloquei uma condição a mim mesmo. Aliás, duas. A primeira é que faria uma atualização radical e completa no modelo de competências. E fiz. No novo modelo, o grupo de competências comportamentais ganhou dois subgrupos (intrapessoais e interpessoais). O número de competências se ampliou. Agora são 27 competências, com 107 habilidades (várias novas). Ou seja, não se trata de uma mera atualização de carroceria, como fazem algumas montadoras a cada três anos em seus carros. Foi uma atualização completa de motor, câmbio e e tudo mais. A segunda condição foi desenvolver uma ferramenta na internet para que qualquer um possa fazer o maior exercício de avaliação que faço em sala de aula com meus alunos de planejamento de carreira – a sua avaliação 360 graus. A ferramenta está em fase de conclusão e em breve libero para uso. Além desses dois pontos, pretendo também testar um novo modelo de texto, com o uso de histórias. Embora não seja a minha especialidade, vou tentar contextualizar situações profissionais em histórias. Vamos ver no que dá.
Assim, acho que encontrei alguns motivos para tentar continuar tendo algo relevante para o leitor, por mais isso me exija tempo, esforço e dedicação. Mas estarei sempre de olho no ponteiro da relevância e pronto para parar quando ele não estiver mais no nível que exijo de mim mesmo. Até o próximo!
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