“Se você quer achar um lugar diferente, busque novos caminhos”
E lá seguia a manada de Gnus pelas planícies africanas. Todos alinhados, suados e queimando naquele sol dos infernos. Adolfo e Theo, parceiros desde a infância, seguiam, como sempre, lado a lado. De vez em quando, trocavam algumas palavras, mas poucas. Afinal, tinham que poupar energia até a manada chegar a um lugar decente e com água. Tudo mudou, porém, naquela bela manhã:
– Theo, Theo, presta atenção! Volta pra cá! O que você está fazendo? Você está saindo da linha!
– Não, amigo! Só vou seguir outro caminho. Que tal, vamos?
– Cê tá louco, cara! Bebeu? Volta pra cá!
– Não estou louco não, meu caro. Cansei de seguir a manada. Vou tentar outros caminhos.
– Cara, isso é muito arriscado. Você não pode fazer isso sozinho. É mais seguro ficar com a galera. Junto é mais seguro! Ninguém fez isso até hoje.
– Arriscado? Arriscado é seguir essa manada. Você não vê que não estamos chegando a lugar algum! Arriscado é ficar ao lado dessa gente acomodada e que deixa a vida passar nesse tédio. Tô fora! Vou inovar, arriscar e tentar achar algo novo.
Quando tentou argumentar mais uma vez, Adolfo viu o vulto de Theo sumindo entre duas árvores. Angustiado, pensou em voz alta: – Coitado, sem a proteção do grupo, vai morrer sozinho. Voltou para a “fila”, triste pela perda do amigo, e seguiu a manada.
Depois de três dias, o grupo de milhares de Gnus chegou a uma pequena lagoa. Pouca água e de péssima qualidade. Barrenta e cheia de urubus por perto. Mas era aquilo ou aquilo. Aos poucos, foram se espremendo e bebendo, cada um, aquele líquido marrom. O lugar era péssimo. Poucas árvores, pouca grama e pouca água. Mas todos estavam ali, com cara de conformados. Exceto Theo.
O líder, depois de fazer a sua contagem semanal, perguntou:
– Alguém sabe se algum colega nosso morreu no trajeto? Está faltando um.
– Adolfo log respondeu: – Chefe, o Theo nos deixou. Três dias atrás.
– Como assim? Morreu?
– Não, acordou um dia incomodado e disse que não ia mais nos seguir e que iria buscar novos caminhos, novas possibilidades. Tentei dissuadi-lo, mas não deu. Ele estava muito decidido.
– Meu Deus! Onde será que ele está? Por favor, organizem uma comitiva agora e vão em busca dele. Vamos ver se dá tempo salvá-lo!
– Adolfo e dez Gnus partiram para a missão. Cinco dias depois voltaram com as notícias.
– Chefe e amigos, Theo está bem. Aliás, está ótimo. – disse sorrindo Adolfo.
– Que boa notícia. Mas onde ele está? Por que não voltou com vocês?
– Bom, ele nos disse que caminhou para onde sua intuição o guiava. Relatou que encontrou algumas dificuldades no caminho. Teve que fugir de leões. Escapou de serpentes. Mas, ao final, encontrou um oásis fantástico. Ele está lá, cercado de bom pasto, água fresca e das mais belas gnuas. Ah, ele disse que se quisermos podemos ir para lá já e viver na sua nova terra.
O líder maior, sem melhores alternativas, concordou e todos se foram em busca do novo visionário do bando. Ansiosos, caminharam rápido e chegaram em menos de dois dias. Ao chegar, ficaram de queixo caído com tanta beleza, fartura e tranquilidade.
– Caros amigos, sejam muito bem-vindos! – disse Theo satisfeito. – Confesso que encontrar esse lugar não foi fácil. Exigiu de mim uma ousadia e uma coragem que nem sabia que tinha. Pensei em desistir várias vezes e voltar a seguir a manada, mas algo maior me dizia para acreditar e seguir em frente.
O atual líder, experiente e inteligente, não demorou a passar a faixa e nomear o jovem Theo como novo líder dos Gnus, reconhecendo o valor da sua natureza empreendedora.
– Theo, a partir de agora seguimos você! Afinal, só quem tem coragem de trilhar novos caminhos pode nos levar a novos destinos e a maiores conquistas.
Moral da história: Quer produzir algo novo? Fuja da manada! Até o próximo!
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