“Entender, sentir e cooperar”
Na sua opinião, qual é um dos maiores males da atualidade? Na minha, não tenho dúvida, o fanatismo. Escrevi sobre isso no meu artigo anterior. E o segundo maior mal? Também não tenho dúvida – a falta de empatia. Esse é o meu assunto de hoje. O fanatismo sem controle tem quase produzido mais desgraça e insegurança do que algumas guerras. Já a falta de empatia, é o catalizador maior do primeiro mal. Quando o ser humano não é capaz de se colocar no lugar do outro, a intolerância e o desrespeito tomam o poder, controlam a mente e determinam as ações. O resultado é um só – cada um por si e ninguém pelo bem de todos.
Chefes esquizofrênicos, políticos corruptos, colegas de trabalho que dedicam mais tempo a fazer o mal do que a trabalhar bem em equipe e produzir, empresários gananciosos que visam o lucro a qualquer custo e por aí vai. O mundo atual é um barril de pólvora. Não há como prever e evitar todas as explosões, elas vão ocorrer e vão trazer consequências ainda maiores. O limite está próximo.
Empatia é algo fácil de entender, mas hoje quero me aprofundar no seu conceito, mostrar as suas três faces e como essa competência é tão importante para a vida e para a carreira. Embora, infelizmente, rara nos dias atuais, garanto que quem souber desenvolvê-la vai sair na frente e colher sempre bons frutos.
Ter empatia é ser capaz de se colocar no lugar do outro. O conceito é fácil de entender, mas é amplo demais. O que significa “se colocar no lugar do outro”? Bom, quando discuto essa competência em sala de aula, sempre vejo um certo incômodo em relação ao real significado dessa competência e de como potencializá-la. Portanto hoje resolvi explorar as três atitudes práticas de quem tem uma boa empatia. Vamos lá:
Primeira: Dimensão cognitiva. Traduzida em uma frase, seria: “Eu entendo a sua perspectiva”. Ou “eu entendo o seu sentimento”. Isso se consegue sendo um bom ouvinte, concentrado no que o outro está falando e procurando, a partir do sentimento exposto, entender perfeitamente por qual motivo aquele sentimento está ali.
Segunda: Dimensão emocional ou afetiva. De novo, traduzida em uma frase, seria: “eu sinto o que você sente”. Em outras palavras, se você realmente compreendeu o porquê do sentimento da outra pessoa, tentar colocar o seu pé no sapato dela e sentir a dor que ela sente. Isso se consegue a partir da dimensão anterior. É como se eu saísse de mim e passasse a enxergar o mundo como o outro, mesmo que por um instante, apenas para sentir o que ele sente;
Terceira: Dimensão comportamental. Essa é a dimensão da ação. Em outras palavras, “Conte comigo”. Eu entendo o seu sentimento, consigo sentir a sua dor e me coloco à disposição para lhe ajudar.
Veja, essa quebra em três dimensões ajuda muito a entender como essa competência precisa ser materializada nas relações. Cada dimensão nos faz um convite claro para uma jornada de entendimento e ação em relação às pessoas que convivem conosco. Não sei se você enxergou o poder que a empatia tem de mudar um departamento, uma empresa, uma cidade, um país e até o mundo. Infelizmente, essa competência está pouco democratizada e não é trabalhada na preparação de profissionais para o mercado. Mas se analisarmos as corporações e sociedades mais desenvolvidas, a preocupação empática é mais evidente. Nas sociedades e empresas mais desenvolvidas, as pessoas têm posturas mais equilibradas e que visam o bem coletivo e não só individual. Mas isso, repito, é mais raro hoje do que político honesto.
Portanto hoje fica essa dica. Invista nessa competência. Concentre-se em quem está a sua volta. Tenha interesse genuíno pelas pessoas com as quais convive. Não deboche dos sentimentos alheios. Não é porque algo não lhe toca ou dói que não pode estar fazendo um estrago em alguém perto de você. O mundo precisa de empatia. As empresas precisam de empatia. Os líderes precisam de empatia. Sem ela, estaremos cada vez mais nesse ciclo vicioso do “cada um por si”. Até o próximo!
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