“Nunca comemore antes do apito final”
Não sou muito fã de futebol. Nunca derramei uma lágrima por time algum e não tenho costume de acompanhar campeonatos de perto. Mas confesso que quando se aproximam as finais de alguns torneios o meu nível de interesse aumenta um pouco, principalmente os campeonatos nacionais como o Brasileirão e a Copa do Brasil. O legal nessas finais é fato de ambos garantirem vaga para a Libertadores, torneio das Américas, que também me atrai muito quando chega a fase de mata-mata.
Bom, na semana passada houve um jogo muito interessante pela Copa do Brasil. Flamengo e Atlético-MG. O jogo era de semifinal e aconteceu em Belo Horizonte, cidade linda, que já morei e adoro. Este jogo era o de volta e valia vaga na final do campeonato, cujo campeão tem vaga garantida no torneio das américas. No jogo de ida, no Rio de Janeiro, o Flamengo havia vencido por 2×0. Desta forma, poderia empatar, perder de 1×0 ou até mesmo perder de dois gols de diferença se fizesse um gol, porque gol fora de casa era o primeiro critério de desempate. Pois bem, o jogo começou em Belo Horizonte com casa cheia e o time do Atlético “cuspindo marimbondo” para tentar marcar logo um gol e tirar a diferença. O desafio já era enorme. Tinha que fazer 2×0 para levar a decisão aos pênaltis ou 3×0 para se classificar. Então, acontece o inesperado. O Flamengo faz 1×0 em um lance perdido e cala a boca de milhares de pessoas no estádio. Um balde de água fria. Agora, para se classificar para a final, Atlético precisava fazer 4 gols. Isso mesmo, 4 gols. Praticamente impossível. A cara dos torcedores era de dar pena. Um locutor de uma rádio carioca disse ao vivo que “acabou”. Para ele, “o flamengo é finalista da Copa do Brasil”. Este áudio circulou na internet logo nos dias após o jogo e o cara foi detonado nas redes sociais. Por que? Bom, neste jogo aconteceu algo inesperado e quase inacreditável. O Atlético, empurrado pela sua torcida que gritava “Eu acredito! Eu acredito!”, fez um, dois, três e, nos últimos minutos do jogo, quatro gols, eliminando o Flamengo e conquistando a vaga de forma absolutamente brilhante. Tinha que fazer quatro. Foi lá e fez. O Flamengo, com um pé na final, acomodou-se e dançou.
O esporte não é só muito bacana porque integra, une, diverte e desenvolve uma sociedade. O esporte também é um espaço para muitos aprendizados que devem servir de exemplo na vida pessoal e profissional. Este caso que acabo de contar é uma aula para todos nós. Uma aula clara e que mostra, na prática, que “o jogo só acaba quando termina”. Nunca, em hipótese algum e em situação alguma, devemos comemorar vitória antes do tempo. Quem acha que um jogo está ganho antes do apito final acaba como o Flamengo, chupando o dedo e se lamentando: “Nossa, mas estava tão perto”. É, estava perto, mas não estava garantido.
Já perdi a conta de quantas situações parecidas eu vi ao longo da minha carreira. Profissionais que estavam bem próximos de atingir uma meta (de vendas, por exemplo), relaxaram por achar que “estava praticamente feito” e… morreram na praia. Desde cedo aprendi uma coisa com o meu pai e que, felizmente, uso diariamente na minha vida: “Nunca perca a concentração, mesmo que o objetivo esteja bem próximo”.
Fica aqui, com esta história real e bastante didática, a minha dica de hoje. Por mais próximo que você esteja de um objetivo, seja ele qual for, nunca ache que ele está garantido. Não está. Um descuido seu e ele poderá ir para o ralo e você morrerá na praia, como o Flamengo na semifinal da Copa do Brasil. Até o próximo!
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