“Ah, se todos conhecessem o poder da doação!”
Estou lendo um livro muito interessante. Chama-se “Dar e receber”, escrito por Adam Grant. Quem me conhece sabe como sou crítico com autores de livros, mas reconheço publicamente quando encontro um texto interessante e que me faz pensar. Este é o caso. O texto trata sobre o que o autor chama de “uma nova abordagem sobre sucesso, generosidade e influência”. Ainda não acabei de ler, mas até agora a única coisa que discordei foi do termo “nova abordagem”. Os meus alunos e ex-alunos sabem o quanto tenho defendido, há anos, uma postura mais doadora e de visão ganha-ganha nos relacionamentos pessoais e profissionais. Já escrevi inclusive vários artigos aqui neste espaço sobre empatia, relações ganha-ganha, pessoas que só sabem pedir e por aí vai. Acredito, há anos, e pautei toda a minha carreira sobre esta “verdade”, que as pessoas que mais ajudam e se doam a outras têm mais sucesso no longo prazo. Este livro, suportado por uma série de pesquisas muito interessantes, só vem a comprovar esta tese.
Há pessoas que têm doutorado na arte de pedir e são analfabetas na hora de dar. Este perfil é muito comum, muito mesmo. Quantas pessoas você conhece com esta característica? São muitas. Gente que quer sempre mais para si do que para os outros. Que quando estão bem somem, mas quando precisam de ajuda, aparecem com uma simpatia digna de prêmio Nobel. Pessoas que sobem, na carreira e na vida, às custas do fracasso de outros e que, se preciso for, usam cabeças alheias como degraus.
Por outro lado, há pessoas que, por essência, buscam o bem dos que estão ao lado. Querem e sentem prazer ao ver o outro crescer. Pessoas que ajudam, dividem, compartilham o que conhecem e estão sempre dispostas a ajudar. Esta espécie, um pouco mais rara do que a anterior, por vezes é até alvo de chacota e de abuso por parte dos meramente tomadores (termo usado pelo autor no livro). Mas elas seguem, dando mais do que recebendo, pois está é a sua essência.
Na carreira, estes dois perfis têm trajetórias bem diferentes rumo ao sucesso. Ambos chegam lá. Neste livro há estatísticas bem interessantes sobre isso. Mas há uma grande diferença no que acontece quando estes dois perfis chegam a uma posição de liderança. O primeiro tipo, quando chega lá, normalmente deixa um rastro de sangue no caminho e normalmente deixa para trás pessoas que foram usadas e prejudicadas em favor do seu êxito. Não precisa ser muito inteligente para ver que estes contarão com uma legião de pessoas que vão torcer contra, concorda? E tem mais, se os prejudicados tiverem a oportunidade de puxar o tapete, não pensarão duas vezes. Ou seja, quem só pensa em si, quando consegue atingir seus objetivos, tem de ficar muito esperto, porque sempre terá alguém torcendo contra ou esperando um rabinho à vista para pisar.
Já o perfil oposto, os doadores, quando chegam ao topo, o fazem sempre deixando um rastro de boas ações, de ajuda e entrega. E isso cria, ao contrário do anterior, uma legião de pessoas gratas e que vão torcer a favor e suportar a sua posição. É como se criassem uma rede de defensores e apoiadores.
Partindo do pressuposto de que, na maioria das vezes, ninguém chega 100% pronto a um cargo de liderança, o que você preferiria? Ter as pessoas abaixo de você torcendo para o seu sucesso e te suportando durante o seu período de adaptação ou o contrário? E aí? O que você escolhe?
Parece filosofia, mas esta é a matemática da vida. Quem dá mais, ajuda mais e compartilha mais, ganha mais pontos e cria um saldo de bondade que será muito bem recompensado pelas pessoas que ajudou. Já quem acha que o mundo é dos espertos, gananciosos e que tiram o que podem dos outros sempre, que alcance o seu “sucesso”, mas preparem-se para dormir com um fantasma no guarda roupas todo dia e para cair a qualquer momento. Até o próximo!
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