Frequentemente recebo currículos de profissionais que procuram por uma recolocação no mercado. Em geral solicitam minha indicação para a rede de contatos que mantenho. Faz sentido, uma vez que trabalho frequentemente com profissionais da área de gestão de pessoas e executivos de forma geral. Entretanto, será mesmo que essa é uma forma eficiente de procurar por uma vaga? A resposta é NÃO.
Tenho por princípio (assim como muitos colegas em minha posição) indicar tão somente pessoas que conheço e que apresentem competências gerenciais e comportamentais exemplares. Como posso ter essa opinião a respeito de alguém que se apresenta por e-mail, e com quem jamais tive contato? Para esses profissionais formo um banco de currículos e quando tomo conhecimento de uma vaga compatível procuro encaminhar o perfil destacando o fato de que não se trata de uma indicação direta.
Ao longo de nossa carreira vamos construindo uma rede de relacionamentos profissionais que se torna preciosa e deve ser cuidada como um ativo valiosíssimo de nosso currículo. Essa rede é tão importante, ou às vezes até mais, que o domínio de línguas estrangeiras, títulos acadêmicos ou experiência. É fato que atualmente, em cargos executivos, as vagas são preenchidas principalmente por indicação.
Outro perfil frequente na solicitação de indicação para vagas são os contatos antigos que não mantiveram o relacionamento (não retornaram ligações, não responderam e-mails, etc.), e, estando agora “disponíveis no mercado de trabalho”, lembram-se que podemos indicá-los. Esse é o tipo de contato que segue também para o já mencionado banco de currículos.
Por outro lado, aqueles que são parte ativa da minha rede de contatos e que demonstram ser competentes, têm minha indicação direta. Já tive o prazer de indicar dezenas de profissionais, e boa parte com resultado de efetiva contratação.
O relacionamento pode surgir a partir de diversas situações: em sala de aula (entre alunos), em sala de aula (alunos e professores), no ambiente de trabalho, com clientes/fornecedores, com amigos, em associações de classe, etc. Não vou me estender no momento comentando detalhes das iniciativas que levam a uma excelente rede de contatos. O assunto é extenso, e há publicações específicas a respeito. Entretanto, quero deixar aqui algumas recomendações que certamente vão ajudar aos que buscam fortalecer seu networking:
1 – Identifique contatos profissionais que sejam importantes para você. Não se trata de uma atitude egoísta. Não é possível manter um relacionamento forte com 300 pessoas. É preciso selecionar aqueles com quem você deseja estreitar a interação.
2 – Interesse-se pelas pessoas, sem esperar nada em troca inicialmente. Pelo contrário: procure saber como você pode contribuir com as pessoas com quem deseja manter contato. Quais são seus interesses? Em que trabalham? Seus objetivos? Algum tema de interesse comum?
3 – Procure contribuir com seus contatos. Forneça indicações, artigos, informações, oportunidades, outros contatos, e tudo o que você observar que seja valioso para eles.
4 – Interaja com relativa frequência. Às vezes um telefonema, e-mail, mensagem nas redes sociais, ou outra das tantas formas de comunicação disponíveis faz com que você se mantenha atualizado com sua rede. Não é necessário que haja uma comunicação diária. A frequência deve ser regulada pela proximidade que vocês tenham. Muitas vezes um contato a cada dois meses pode funcionar muito bem.
5 – Agradeça. Sempre que receber uma indicação, uma informação ou outra expressão de valor de seus contatos agradeça. E procure pensar: como posso retribuir? De um passo para a construção de um círculo virtuoso.
Sua rede de contatos pode significar a conquista de um emprego, uma oportunidade de negócios, uma promoção, e até mesmo representar o divisor de águas entre o sucesso e o fracasso em sua carreira profissional. Pense nisso.
Abraço, e sucesso!
Adriano Pedro Bom
Adriano Pedro Bom é consultor, docente universitário e palestrante nas áreas de Gestão de Pessoas.
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