“Será que é tão difícil entender que as redes sociais formam (ou destroem) a imagem profissional?”
Pensei três vezes se deveria ou não voltar a este tema. Escrevi um artigo no ano passado sobre redes sociais e impactos na carreira. Acabei de reler e acho que disse tudo. Mas sigo colecionando o que chamo de “Pérolas do Facebook”, posts de pessoas que são profissionais de mercado e que estão em fase de construção da carreira, mas que conseguem postar coisas absolutamente inacreditáveis. E o pior, achando que quem irá ler são apenas seus amigos íntimos, esquecendo que seus contatos profissionais e possíveis futuros empregadores poderão ter acesso. Creio que o raciocínio deve ser: O que acontece no facebook não tem nada a ver com a minha carreira. A é A, B é B, certo? Errado, 100% errado!
Somente nesta semana eu recebi duas solicitações de colegas para fazer indicações de alunos ou ex-alunos para vagas. Em uma delas, postei na minha página e pedi para que os interessados (e que tivessem o perfil da vaga) me enviassem o currículo por email. Combinei com a minha colega que eu faria um breve filtro e repassaria para ela apenas os melhores. Recebi vários currículos. Alguns já eram meus contatos no Facebook e outros não. Em todos os casos, ao receber o currículo, visitei suas páginas no Facebook e LinkedIn. Um pouco de curiosidade, até para conhecer melhor os eventuais futuros indicados, mas também para ver de perto como eles usavam as redes sociais. Isso dá muitas pistas, além do que está escrito no currículo. E digo mais, todos os profissionais de recrutamento fazem o mesmo. Quanto mais oportunidades um recrutador tem de conhecer seu candidato, melhor. E, neste sentido, as redes sociais representam uma fonte maravilhosa para se ter uma primeira impressão sobre um profissional. No meu caso, é mais relevante ainda. Indicar pessoas é uma responsabilidade enorme. Até hoje, acertei mais do que errei nas minhas indicações, mas um erro numa indicação afeta também a imagem de quem indicou, concorda?
Bom, mas vamos lá. Das pessoas que me enviaram currículos, três delas eu não indico nem sob tortura. Na página do Facebook de uma delas, o último post era do exame de sangue que acabara de fazer. No comentário, ela dizia que era muito bom saber que não está com Aids depois de uma loucura que fez. Quase pinguei colírio nos olhos para ver se as minhas lentes de contato não estavam embaçadas. Este caso é um extremo, mas a média geral está muito ruim. Em outra página, todos (100%) dos últimos vinte posts eram compartilhamentos de piadas, algumas bem polêmicas. Nada contra, até ri e gostei de algumas. Mas me diga uma coisa, caro leitor, que imagem profissional você acha que um recrutador fará de um profissional ao ver isso? Alguns poderão até dizer que isso não tem relação direta com o possível desempenho do profissional no ambiente de trabalho. Pode até não ter, mas a imagem que se forma de uma pessoa é construída a partir do que se tem. E se o que vemos é isso, a projeção é péssima. Na dúvida, melhor não arriscar. Eu também não arriscaria contratar uma pessoa que usa desta forma a rede social.
A minha dica, aliás, a minha “ordem” (se é que tenho este crédito) é para que você use as redes sociais a favor da sua carreira, não contra. Como? Postando conteúdos de forma equilibrada e sensata. Pense sempre, antes de dar o “enter” em um post, que seus contatos profissionais e eventuais futuros empregadores poderão ler e formar um juízo sobre você. Pergunte-se sempre: – Que imagem transmitirei com este conteúdo. Não estou dizendo que não se pode postar conteúdos engraçados ou alguns até polêmicos, mas isso não pode ser a regra. Criei até uma métrica. Para mim, a cada conteúdo ou compartilhamento desse tipo, você deve ter dez conteúdos “sérios” ou não comprometedores. Evite fotos suas com pouca roupa, bebendo ou fazendo coisas que não vão agregar nada na sua imagem profissional. Não se iluda, a sua página hoje é um dos seus cartões de visita. Cuide bem dela. A sua carreira agradece. Até o próximo!
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