“Uma atividade paralela remunerada. Vale a pena?”
Hoje escrevo para responder a uma pergunta que o leitor assíduo, Wagner Romero, me fez por email. Ele me questiona sobre o fato de alguns profissionais que trabalham formalmente em uma empresa possuírem atividades paralelas remuneradas. A sua dúvida diz respeito à validade dessa estratégia, se isso representa um hobby ou uma renda extra, e, obviamente, se é bom ou ruim para a carreira.
Bom, há dois pontos de vista que devem ser observados antes de você se posicionar contra, a favor ou se vai adotar ou não esta estratégia. O primeiro dele reza que é saudável ter sempre um plano B na carreira. Um dos maiores defensores dessa estratégia, inclusive, é um dos caras mais ricos do mundo – Warren Buffet. Ele escreveu cinco frases para explicar como construiu a sua fortuna, começando quase do zero. Uma delas é sobre ganhos: “Nunca dependa de uma única fonte de renda”. Nesse sentido, ter uma segunda atividade remunerada é muito bom e saudável. Não precisamos debater muito sobre as vantagens, concorda? Se você tem outra atividade remunerada, nunca ficará desempregado. Se perder uma, tem a outra. Além disso, uma segunda atividade ajuda a reforçar o orçamento, aumenta a capacidade de poupança e pode representar um belo atalho para a sua aposentadoria financeira. Eu mesmo, há 16 anos, tenho duas atividades. Compartilho as minhas atividades executivas com a minha carreira de professor. Além de ser a minha paixão maior, a carreira docente me dá alguma renda extra, muito bem-vinda. Conheço pessoas que trabalham em empresas e que possuem uma participação societária em um pequeno negócio, com um amigo ou parente. Estas relatam que participam indiretamente da gestão, normalmente em algumas noites ou partes do final de semana, e que se sentem bem ajudando a criar uma empresa e fazê-la crescer. Já ouvi de várias pessoas nesta situação que pretendem um dia se dedicar exclusivamente a este negócio.
O outro ponto de vista é a questão do foco. Tenho escrito aqui regularmente sobre o tema. Este século está sendo impiedoso com quem não tem foco. Com quem quer fazer várias coisas e acaba não fazendo nada bem. O amadorismo tem sido punido com a morte nestes dias atuais. Neste sentido, ter duas atividades nos coloca em uma situação de risco. Estaríamos, no caso, querendo abraçar o mundo e fazendo tudo mal feito?
Qual é a minha visão sobre o tema? Particularmente gosto da ideia de duas atividades, desde que algumas regras sejam estabelecidas e respeitadas. A primeira é que uma não prejudique a outra. Não é certo usar o tempo de trabalho na empresa para tocar assuntos que não dizem respeito ao seu trabalho, muito menos se for outro negócio. Segundo, esta outra atividade deve lhe ajudar de alguma forma a ser mais produtivo ou mais criativo na atividade principal. Em outras palavras, o ideal é que estas atividades se complementem. As minhas aulas sempre me ajudaram muito no meu trabalho principal. Este sempre foi um espaço onde me mantive atualizado sobre as novas técnicas de gestão, tendências e ferramentas. Isso sempre me ajudou muito. Mas conheço pessoas que trabalham em áreas administrativas e são sócias de um pequeno negócio sem nenhuma sinergia com sua atividade, mas que conseguem, ao participar de algumas decisões e analisarem resultados financeiros e de mercado, se tornar profissionais mais completos no seu trabalho em função de terem um “braço empresarial”.
É isso, pense, reflita e decida sobre qual é o melhor caminho para a sua carreira. Não há certo nem errado. Só não cometa um erro básico e fatal – o de não buscar a excelência em tudo o que fizer. Se você conseguir fazer mais coisas com o seu tempo e com as suas competências, não vejo razão para não fazer. Além de um pouco mais de grana, você pode colecionar novas competências e experiências para a carreira e para a vida. Até o próximo!
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