Imagine que você tenha um grande amigo como subordinado em sua equipe. Como exercer a liderança nesse caso?
Ter um grande amigo ou um parente próximo como subordinado quase sempre é uma situação difícil de se lidar. Mesmo quando as coisas vão bem…
A dificuldade está relacionada muitas vezes à pouca habilidade, de ambas as partes, de tratarem de forma objetiva os vínculos pessoal e profissional. Ainda que você não tenha contratado um amigo seu, pode ser que você tenha se tornado grande amigo de um subordinado com o passar dos anos. É quase a mesma coisa. Gostaria então de sugerir algumas ideias para lidar com a situação de forma geral.
Estabeleça com clareza regras para a equipe. Sempre é importante observar as regras ou normas da empresa de forma geral. Entretanto, vale a pena estabelecer regras específicas para sua equipe, tais como: escalas de férias, escalas de horas extras, responsabilidades, autoridade, rodízio de turnos, etc. As regras evitam que se configure protecionismo. Sem as regras, podem surgir problemas como: alguém pode afirmar que seu amigo/parente é sempre poupado de responsabilidades maiores; ou que sempre obtém folgas nas melhores datas do ano; etc. E é evidente que essas regras são úteis mesmo que não haja nenhum parente ou amigo em sua equipe.
Mantenha critérios objetivos para promoções e/ou aumentos salariais. Muitas organizações já têm planos de carreira, cargos e salários definidos. Isso evita uma série de problemas no momento de ter que se decidir por algum colaborador para promoção ou aumento. Se não é o caso da sua empresa, é importante desenvolver critérios específicos para saber como tomar decisões. Para o caso de decisão quanto a uma promoção, por exemplo, os critérios poderiam ser algo como: aderência do perfil do profissional ao cargo pretendido; desempenho na função atual; expectativas do candidato, etc. O mesmo critério deve ser aplicado com consistência e clareza a toda equipe, incluindo-se seu amigo/parente.
Procure manter a postura profissional no ambiente de trabalho. Isso parece obvio, mas não é. Muitas vezes, dada a proximidade entre você e seu amigo/parente, parece ser natural trata-lo de forma mais descontraída que os demais, ou então conversar sobre temas particulares no transcorrer do expediente. Minha sugestão é que evite isso. Deixe conversas desse tipo para o momento em que vocês estejam em interação social. O motivo é que esse procedimento deixa claro para todos (inclusive para você e seu amigo/parente) que no ambiente de trabalho sua interação profissional se estende a todos.
Regule a marcha. Cuidado para que, em uma tentativa de ser “o mais profissional possível”, não trate com maior rigidez seu amigo. É muito comum observar gestores que destinam os horários mais desafiadores e as tarefas mais árduas a seus amigos ou parentes. Já ouvi um líder dizer que fazia isso para que todos notassem que não havia protecionismo. Péssima ideia.
Reflita sempre sobre isso tudo. No momento de considerar seu amigo/parente ao dar um feedback, decidir sobre promoções, elaborar escalas de folga ou férias, tomar uma decisão sobre aumento, etc., reflita: Minha proximidade está interferindo nessa decisão? Se fosse outro colaborador da minha equipe eu utilizaria os mesmos critérios? Se estiver confuso a respeito, procure compartilhar o dilema com um mentor de sua confiança.
Não há receitas mágicas para se evitar problemas quando as relações pessoal e profissional se misturam. Tampouco acredito em “bom senso” para resolver a questão. Espero que as dicas que deste texto sejam úteis como um ponto de partida.
Abraço, e sucesso!
Adriano Pedro Bom
Adriano Pedro Bom é consultor, docente universitário e palestrante nas áreas de Gestão de Pessoas.
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