“Eu prefiro a segunda opção”
Comecei a minha carreira em duas empresas gigantes. Centenárias, com mais de 10.000 funcionários e presentes em vários países. Depois trabalhei em duas Start Ups (empresas que acabaram de nascer), mas tão grandes como as anteriores. Eram Start Ups aqui no Brasil, mas já tinham presença fora do país. Nestas quatro empresas aprendi muito. As duas primeiras, então, foram as minhas escolas gerenciais. Aprendi sobre processos de gestão, controles, limites de autoridade, hierarquia, processo de tomada de decisão, orçamento, planejamento e por aí vai. Depois disso resolvi aceitar uma proposta para trabalhar em uma empresa familiar, que também acabara de nascer. Ali foi tudo muito diferente. Dividia a sala com o dono da empresa. As decisões eram tomadas em questão de minutos. A confiança era total, de ambas as partes. Tinha muito, mas muito mais autonomia e autoridade do que nas gigantes por onde passei. Além disso, estava (quase) totalmente imune a joguinhos políticos comuns em grandes empresas. Hoje sou 100% empresário. Tenho um único chefe, meu sócio. Sim, sócio é chefe sim. Também sou chefe dele e ele sabe disso. Quando temos sócio, temos que dar satisfação e prestar contas. De uma forma diferente, é claro, mas não deixa de ser.
Portanto, posso falar, com conhecimento de causa, sobre os ônus e os bônus de se trabalhar em empresas grandes, médias ou pequenas. Gigantes multinacionais ou empresas familiares de médio porte. Degustei ambos os sabores e posso descrever em detalhes as vantagens e desvantagens de cada tipo de experiência profissional.
Estou trazendo este ponto hoje porque tenho recebido consultas cada vez mais frequentes de ex-alunos me perguntando se acho melhor desenvolver uma carreira em uma empresa grande ou em outra de menor porte. Isso me faz lembrar a metáfora: É melhor ser rabo de baleia ou cabeça de bagre? Em muitos casos, me perguntam se vale a pena trocar um pacote (salário, benefícios etc) melhor de uma gigante por um inferior em uma empresa que vai lhe dar mais autonomia e autoridade. Um cargo inferior em uma empresa grande por um cargo melhor em uma média, mesmo que a remuneração seja equivalente.
Como já me conhecem, não sou de me esquivar de perguntas picantes ou que possam ser polêmicas. Neste caso, com muita segurança e experiência própria, tenho uma posição muito clara e vou defendê-la aqui. Se todos pudessem escolher, eu recomendaria ter uma experiência em uma empresa grande no começo da carreira e depois migrar para empresas menores, até quem sabe, no futuro, ter o seu próprio negócio. Este foi o meu caso e conheço muito bem os ganhos dessa trajetória. Mas como sei que nem todos têm esta opção, eu vejo este jogo mais a favor de uma carreira em empresas médias do que em grandes. Em outras palavras, eu prefiro ser cabeça (mas não obrigatoriamente de bagre!). No balanço de prós e contras, esta opção, na minha visão, é a melhor.
Empresas menores representam lugares com muitas oportunidades. No meu artigo anterior tratei exatamente disso. O mundo atual tem permitido inúmeras chances para os “pequenos”. Aliás, nunca empresas grandes sumiram tanto do mapa quanto no momento atual. Além disso, empresas menores são mais ágeis, mais dinâmicas e mais abertas a novas ideias e à inovação. Não quero generalizar. É óbvio que algumas grandes empresas possuem bons ambientes para quem quer crescer e se desenvolver, mas na média, perdem de goleada. Em dois aspectos particularmente especiais, ser “cabeça de bagre” é muito melhor: autonomia e autoridade. Pense nisso. Até o próximo!
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