“Eu nasci assim, eu cresci assim… vou ser sempre assim”
Algumas coisas fazem parte de um passado tão distante que até estranhamos quando lembramos. Por exemplo, falar em escravidão hoje soa como algo bizarro, embora ainda se encontrem iniciativas nesse campo por aí. Lembrar que um dia a comunicação mais eficaz e rápida se dava por carta escrita é também surreal em tempos de comunicação instantânea. Falando de carreira, hoje é inaceitável uma empresa fomentar assédio moral por parte de seus líderes, lembrando (mais uma vez) que ainda existem idiotas que humilham ou debocham de seus funcionários, pelo menos até irem parar em um tribunal. Enfim, a história se encarrega de deixar coisas para trás e criar novos padrões de comportamento, novas formas de se relacionar e novas atitudes que passam a ser demandas pela sociedade, empresas e pessoas.
Quando colocamos a lupa nas competências comportamentais, há hoje uma delas que se tornou umticket para entrar no jogo. Ou seja, uma atitude indispensável para se viver e crescer profissionalmente. O nome dela é “Flexibilidade – capacidade de adaptação”. Quem tem, está no jogo. Quem não tem, ou muda de planeta ou vai ficar por aí perambulando sem chance alguma de crescer profissionalmente. Falar disso hoje é quase uma redundância, mas insisto em trazer este tema porque ainda ouço, com uma certa frequência, pessoas usarem frases do tipo: “Sempre fizemos assim” ou “Em time que está ganhando não se mexe”. Estas frases são tão, mas tão ultrapassadas, que chegam a ser o mais cruel termômetro de que uma pessoa morreu profissionalmente e só esqueceram de enterrar.
Este início de século tem nos dado uma aula e mostrado ao mundo que sucesso passado não garante sucesso futuro. Que coisas que funcionam hoje podem matar a empresa amanhã. Nunca antes o olhar para o futuro foi tão determinante para o sucesso de uma pessoa ou de uma empresa. A velocidade com que o imprevisível chega e muda tudo é tão grande que pode transformar uma verdade absoluta e incontestável em uma mentira absurda, em muito pouco tempo. Ou seja, esse papo de “sempre foi assim” está ficando mais pré histórico do que um dinossauro.
Mas sabemos que algumas coisas, para ganharem o seu devido lugar, precisam virar piada. Só assim alguns se tocam e passam a ter vergonha de se comportarem de forma ridícula. Na semana passada, em uma reunião com a minha colega de trabalho Karla Lacerda, aprendi um termo fantástico – a síndrome de Gabriela. Muitos conhecem a música de Dorival Caymmi, eternizada na voz de Gal Costa. Busque na internet e verá a letra completa. Mas o refrão, lindo na música e no contexto do filme, é a expressão do que falamos aqui, ou seja, colírio nos olhos dos dinossauros profissionais. “Eu nasci assim, eu cresci assim… vou ser sempre assim”. Por isso proponho este termo para começarmos a combater essa postura de “mula empacada” que ainda existe na cabeça de alguns. Pessoas que agem assim sofrem do mal chamado “síndrome de Gabriela”. Amei o termo! Conheço vários que esta doença. E você?
Acho que devemos iniciar uma campanha nacional contra a epidemia “síndrome de Gabriela”. Vamos tentar ajudar as pessoas que ainda estão presas a este antigo paradigma e tentar fazê-las entender que o futuro nos reserva grandes desafios e que ainda nem são 100% conhecidos. Portanto precisamos entender que o novo é necessário e que não podemos nos prender a práticas antigas só porque funcionaram no passado. O futuro exige novas práticas, novas formas de trabalho, novas formas de se relacionar com pessoas, novas formas de enxergar o cliente, os parceiros e os colegas de trabalho. Quem não entender isso, morrerá aos poucos e merecerá ter escrito na sua lápide: “Aqui jaz alguém que morreu da síndrome de Gabriela”. Até o próximo!
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