“Feito é melhor que perfeito”
Ainda em tempos de copa, as analogias e os exemplos que servem de lição para a vida real e para a carreira pipocam dos gramados. Como já disse antes, não sou muito fã de futebol, mas ando encantado com esta copa. Não pelo nível apresentado. Aliás, o que mais ouço falar é que o nível técnico está baixo e que não tem praticamente nenhuma equipe dando show de bola. Jogos truncados, recorde de prorrogações, zebras e equipes sem tradição dando um trabalhão às favoritas. Nunca a camisa e o passado pesaram tão pouco. Ninguém quer saber. Todos que estão ali vão pra cima, mesmo que do outro lado tenha uma seleção de ponta. Gigantes caíram na primeira fase e outros, acredito eu, vão cair nessa reta final se não ficarem espertos.
Mas que lições são essas que urgem dos gramados? A primeira delas tratei no artigo anterior. Times que saíram na frente no placar, acharam que o jogo estava ganho, recuaram e dançaram. Levaram viradas nos últimos minutos e deram adeus à copa. Defendi que, em hipótese alguma, a gente deve perder a concentração no objetivo final, mesmo que este pareça muito próximo ou garantido. Não tem nada garantido até o final chegar de fato. O jogo só acaba quando termina, no futebol e na carreira.
Hoje a lição que quero tratar é outra. Refiro-me ao peso que deve ser dado ao processo e ao resultado. Nesta copa, há times jogando melhor e times jogando pior. Ouvi vários comentários na TV e nas rodas de amigos sobre o time A ou B, que jogou muito melhor do que seus adversários mas que, ao final, perdeu o jogo e deixou a copa. Nas oitavas de final houve pelo menos três casos assim. A Argentina bateu a Suíça no finalzinho da prorrogação, depois de ter levado um sufoco em alguns momentos. Um lance isolado e pimba! Tchau Suíços. Uma injustiça, na visão de muitos. – A Suíça merecia ganhar! Mas não ganhou.
Injustiça? Será? Bom, se voltarmos na história, até mesmo do futebol, não demoramos a concluir que o tempo trata de apagar algumas coisas e imortalizar outras. O time brasileiro que ganhou a copa de 1994 era um horror. Lembro-me muito bem. Eram críticas pesadíssimas, da imprensa, dos brasileiros, de todo mundo. Jogos feios, gols de canela, placares de 1 x 0 nos acréscimos etc. Era feio ver aquele time jogar. Eu não apostaria R$ 1,00 que seria campeão. Mas foi, aos trancos e barrancos, ganhando a final nos pênaltis. E hoje pouco se fala da qualidade limitada daquele time. O que importa é que botou mais uma estrela na nossa camisa e ponto. Afinal, um gol feio vale o mesmo de um gol bonito. Ser campeão ganhando de 1 x 0 ou de 10 x 0 é a mesma coisa.
Portanto hoje quero deixar a seguinte reflexão para você e para a sua carreira: Será mesmo que temos que nos preocupar tanto com o processo ou devemos priorizar o resultado? É melhor buscar a perfeição em tudo, mesmo que demore mais, ou garantir o resultado sem ter tudo absolutamente perfeito? Uma boa questão, não acha? Creio que a dimensão do tempo ajuda a destravar esse nó. Hoje, mais do que nunca, o tempo tem sido o grande juiz. Quantas pessoas (ou empresas) que você conhece, por excesso de zelo com a perfeição, perderam o “timing” e ficaram para trás? Pare, pense e verá que esse filme pode ser visto com frequência. O mundo hoje está mais rápido e mais cruel com quem faz melhor, porém depois. É mais ou menos como no futebol. Ter um grande time e tentar dar espetáculo enche os olhos mas não garante vitórias. A Espanha que o diga. Daqui há alguns anos, ninguém vai se lembrar de quem jogou bonito ou feio, mas sim de quem levou a caneca para casa.
Embora eu defenda que devamos sempre tentar fazer o melhor, hoje tenho ficado muito atento ao equilíbrio entre o processo e o resultado, entre o ideal e o possível, entre o feito e o perfeito. Até o próximo!
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