“Quem ficar na toca, vai dançar. Quem sair dela, vai colher”
– Theo, Theo, onde você vai? Que cara é essa? Parece transtornado!
– Vou sair por aí. Procurar comida, água e novos projetos.
– Você bebeu? Estamos todos aqui, juntos. Pra quê se arriscar? O chefe falou para ficarmos juntos nessa crise e não nos arriscarmos muito. Tá faltando comida, água, tudo por aqui. Vamos esperar tudo isso passar e seguimos em frente!
– Pois é, não concordo com ele. Ficar aqui, parado, esperando as coisas caírem do céu? Nem pensar. E tem mais, percebe o cheiro que fica no ar com todo esse bando junto, sem tomar banho há dias. Eu, heim! Vou nessa!
E assim Theo se mandou, sozinho, no meio da seca e do calor dos infernos, mas confiante que a crise do momento não deveria lhe estagnar ou acomodar.
Depois de algumas semanas, com o tempo melhor e a chuva dando sinais de que cairia, o bando de Gnus resolveu se mover. Todos sujos, entediados, desanimados e magros, saíram pelas savanas na direção da chuva e do verde. Depois de tanto tempo sem se exercitarem, alguns nem conseguiram mais levantar e morreram por ali mesmo. Os que conseguiram seguir, estavam magros, descontentes e com o raciocínio meio travado. Afinal, foram muitos dias sem encontrarem nada.
Mais adiante, avistaram de longe um grupo pequeno de Gnus. Todos fortes, felizes e dançando. Ao chegarem perto, quem dá um sinal? Theo. Ele mesmo.
– Theo! Tudo bem? Que bom vê-lo! Achávamos que você tinha morrido.
– Olá, queridos! Bom revê-los também. Pois é, confesso que também tive medo de morrer, mas acho que o medo também me ajudou a enfrentar a situação.
– O que você fez? Pra onde foi? Conta, conta!
– Bom, o que fiz foi simples. Fui em busca dos meus amigos e parceiros. Fui procurá-los para saber se tinham alguma oportunidade para mim ou um espaço em seus bandos. No início, tive um pouco de vergonha, mas depois fui ganhando confiança e mostrando os meus talentos. Sou um bom farejador, sabia? E tenho persistência! Eles curtiram essas habilidades. Até que achei esse grupo. Eles precisavam exatamente que eu tinha para oferecer. E aqui estou.
– Caramba, Theo! Que legal. Parabéns pela coragem e iniciativa. Enquanto isso, nós ficamos lá, parados e esperando as coisas melhorarem. Que perda de tempo!
Essa fábula me veio à cabeça depois de uma mensagem que recebi nessa última semana. Uma ex-aluna me escreveu pedindo ajuda para escolher entre duas propostas de emprego que tinha nas mãos. Duas empresas grandes, dois cargos legais, dois possíveis futuros chefes competentes e uma dúvida: Qual escolher?
Veja: no meio de uma crise, alguém com duas propostas fantásticas e tendo que escolher entre elas. Um caso raro? Não. Pode acreditar. Mesmo em momentos difíceis, há pessoas que estão encontrando oportunidades e crescendo. E a razão disso é que essas pessoas não estão enfiadas em uma toca esperando a crise passar. Estão ativando a sua rede de contatos, conversando com pares do mercado, estão atentas aos movimentos de algumas empresas e setores que já estão se preparando para retomar o crescimento.
A crise vai acabar. Não tenha dúvida disso. Já ouço rumores de que alguns setores já começam a pensar no segundo semestre de 2016 com apetite de contratar e crescer. O Brasil não vai afundar. O mundo não vai acabar.
Portanto, se você estiver na toca, saia já! Tome um banho, coloque suas armas (competências, habilidades) na cintura e vá encontrar um lugar onde possa fazer a diferença. Apresente-se, sem vergonha ou temor. Só não fique na toca, porque dali não sai nada. Até o próximo!
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