“Mais autenticidade, por favor! Ninguém é trouxa”
Acho que nunca escrevi tanto sobre liderança ineficaz, (indi)gestão de pessoas e insatisfações no trabalho. Mas garanto que não é implicância e nem coincidência. É que tem tanta gente, mas tanta gente, insatisfeita onde está e que me conta horrores que acontecem no seu ambiente de trabalho, que é inevitável dissecar cada vez mais este cadáver chamado “empresa atrasada”. As histórias pipocam, uma atrás da outra, sem intervalo comercial. E quando eu acho que não pode piorar, descubro que realmente as pessoas conseguem se superar mais para o mal do que para o bem.
Hoje quero tratar (quase com raiva, confesso) de uma “doença” que tem atingido muitas empresas e, principalmente, pessoas que ocupam cargos de liderança. Falo de “falta de autenticidade”. Esta doença é contagiosa e se materializa em discursos vazios, sem credibilidade e que subestimam a inteligência das pessoas. Líderes fracos e despreparados, que fomentam um clima de teatro na empresa, onde quem for melhor ator vence e quem for autêntico e verdadeiro nas suas opiniões e posturas, dança. Você já viu este filme? Pois se depender do que tenho ouvido, ele tem Óscar garantido.
A falta de autenticidade nas empresas tem crescido muito. Nas empresas globais e gigantes então, nem se fala. Eu calculo que uns 30% do tempo das pessoas nas empresas hoje é dedicado a coisas que não estão relacionadas a trabalho e resultados. É tanto jogo de interesse, tanta gente querendo puxar o tapete de outras, tanta gente tentando subir usando a cabeça de outros como degrau, tanta falsidade e tantas palavras sem credibilidade, que a coisa vira um “salve-se quem puder”. O problema disso é que os melhores e mais autênticos profissionais se mandam. Vão embora. E quem perde? Nem preciso responder.
O que fico me perguntando, ainda sem achar uma resposta completa, é: Por que algumas empresas ou departamentos viram verdadeiros palcos de teatro? Quem ganha com isso? Por que alguns líderes simplesmente não conseguem ser verdadeiros e autênticos? Por que não deixam as pessoas serem quem são e cobra apenas aquilo que mais importa – resultados? Por que muitos líderes premiam mais os melhores atores e menos os melhores gestores? Por que ? Por que? Por que? Isso é tão insano, tão nocivo para a empresa e seus resultados, que fica difícil formular uma resposta única e clara. E o pior de tudo é que quem está no comando e, por definição, é o maior prejudicado com este desperdício de tempo e energia, muitas vezes não enxerga que a sua empresa ou sua área virou uma gaiola das loucas.
Este problema está longe de ser fácil de resolver. Isso exigiria uma limpeza geral nas posições de comando de muitas áreas. Há muita gente despreparada no comando de equipes. Mas uma coisa eu consigo vislumbrar com uma certa clareza – por onde o problema poderia começar a ser atacado. Na minha humilde visão, o primeiro nó a ser desatado chama-se “autoconhecimento”. Quando a gente investe pesado nisso e passamos a nos conhecer melhor, logo passamos a nos aceitar mais e enxergar melhor nossas qualidades e limitações. Isso ajuda muito. Quando uma pessoa não se conhece bem e não se aceita bem, tende a não gostar de pessoas autênticas e, quando se tornam líderes, criam esse palco onde o principal palhaço é ele próprio.
O que mais tenho trabalhado e recomendado aos meus alunos e a quem quer chegar ao topo em suas carreiras é: Invista no seu autoconhecimento. Primeiro, escreva a sua autobiografia. Conte você mesmo a sua história de vida e coloque isso tudo no papel. Leia, releia e atualize pelo menos uma vez ao ano. Segundo, faça sempre uma auto avaliação de suas competências e compare com avaliações 360 graus uma vez por ano. Esta rotina, aliada ou não a outras técnicas, ajuda muito a fazer com que tenhamos cada vez mais autoconhecimento. E quem tem, tende a ser mais autêntico e fomentar ambientes mais autênticos e produtivos. Até o próximo!
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